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Negócios no Paraguai: Resumo Primeiro Semestre 2025.

  • 21 jul
  • 9 Min. de lectura
Homem apontando para título "Negócios no Paraguai"
O Paraguai desponta como uma das economias de crescimento mais rápido na América Latina, conquistando confiança internacional.

Visão Geral e Indicadores Macroeconômicos

O Paraguai vem registrando um desempenho econômico robusto nos últimos anos. Após enfrentar desafios climáticos em 2022 (seca severa que afetou a agricultura e energia), a economia paraguaia recuperou-se com vigor. Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,7%, impulsionado pela retomada pós seca na produção agropecuária e geração elétrica. Já em 2024, o PIB manteve um forte ritmo de expansão, fechando o ano com crescimento de 4,2%, acima da projeção oficial de 4%. Esse resultado foi alcançado apesar de quedas pontuais em agricultura e energia hidrelétrica no último trimestre de 2024 – setores impactados por condições climáticas adversas (redução do nível do Rio Paraná). A perda nesses segmentos foi compensada pela alta expressiva em construção (+5,3% no ano), manufatura (+4,4%) e serviços (+4,8%), que lideraram a atividade econômica. Para 2025, o Banco Central do Paraguai revisou para cima, em quatro décimos, sua projeção de crescimento do PIB para 2025, elevando-a para 4,4%, graças a um maior dinamismo nos setores de serviços, pecuária e manufatura.

Em seu último Relatório de Política Monetária, relativo ao mês de junho, a instituição destacou que a expansão da atividade econômica do país “tem sido superior ao previsto” nos primeiros cinco meses do ano.

Por essa razão, o banco central melhorou as estimativas de crescimento da maioria dos setores. Assim, espera que o comércio feche o ano com crescimento de 5,3%, enquanto o setor primário, impulsionado pela expansão da pecuária devido aos elevados níveis de exportação em volume e valor, deve encerrar o ano com alta de 5%.

Com relação aos tributos, e devido ao aumento na arrecadação de taxas sobre os produtos até junho e ao maior dinamismo da economia paraguaia, a projeção de crescimento dessas receitas foi ajustada de 3,7% para 4,8%.

O PIB do Paraguai cresceu 5,9% no primeiro trimestre de 2025, impulsionado pelo desempenho de serviços, manufatura, construção, geração de energia elétrica, tributação e pecuária.

Simultaneamente, a inflação se moderou até 3,8% ao ano. As expectativas de inflação do banco central permaneceram em torno da meta de 3,5%, com a taxa de juros fixada em 6%.


Desempenho do Setor Industrial

O setor industrial paraguaio tem se consolidado como um dos motores do crescimento nacional. A indústria já responde por cerca de 20% do PIB do país e emprega mais de 310 mil trabalhadores, predominantemente jovens. Nos últimos anos, a atividade manufatureira exibiu tendência de alta, com expansão média superior a 3% ao ano recentemente . Esse crescimento é sustentado por uma maior diversificação produtiva: além dos tradicionais alimentos e commodities agropecuárias, ganham espaço a confecção têxtil, produtos químicos e farmacêuticos e até tecnologia.

Uma política chave impulsionando a indústria é o regime de maquila, que atrai empresas estrangeiras para produzir no Paraguai visando exportação. Graças a incentivos fiscais e mão de obra competitiva, as exportações industriais sob o regime de maquila ultrapassaram US$ 1 bilhão no período de agosto de 2023 a julho de 2024. Nesse intervalo, 23 novos projetos industriais foram aprovados dentro do programa de maquila, indicando o forte interesse investidor. Além disso, somente em 2024, 370 novas empresas de diversos setores ingressaram no mercado paraguaio (um salto de 130% frente ao ano anterior), refletindo o ambiente de negócios favorável e a confiança externa na economia. No Dia da Indústria Nacional (8 de setembro de 2024), o governo comemorou pela primeira vez essa data com o país ostentando grau de investimento internacional, ressaltando o orgulho e a importância da indústria no desenvolvimento paraguaio.


Comércio, Varejo e Consumo Interno

O setor de comércio e varejo paraguaio teve desempenho destacado recentemente, refletindo a recuperação do consumo doméstico e medidas que fortaleceram o mercado interno. Em 2024, o comércio atacadista e varejista apresentou crescimento estimado acima de 10%, de acordo com líderes do segmento, com expectativas especialmente otimistas para as vendas do último trimestre (período de festas). Miguel Tolces, vice-presidente da Câmara de Comerciantes de Atacado e Varejo (Camampar), aponta que o setor “está em bom caminho, com crescimento sustentado”, impulsionado por dois fatores principais:

  • Redução do contrabando: Esforços recentes para coibir a entrada de produtos contrabandeados (especialmente da Argentina) vêm surtindo efeito. A queda do contrabando ajudou a recuperar mercado para os comerciantes locais, favorecendo as vendas formais.

  • Aumento salarial e poder de compra: Reajustes salariais implementados elevaram a renda disponível das famílias, permitindo a recomposição parcial do poder aquisitivo após a inflação dos anos anteriores. Com mais renda, os consumidores voltaram às compras, especialmente de bens de consumo corrente.


Além disso, observam-se mudanças no hábito de consumo pós pandemia: muitas famílias passaram a privilegiar compras em atacado para economizar, aproveitando descontos por volume. Esse movimento fez o canal atacadista crescer mais de 10% ao ano desde 2020, com projeção de fechar 2024 em torno de +12% nas vendas. Ou seja, os paraguaios estão planejando melhor suas compras mensais e buscando preços mais competitivos, o que beneficia tanto os atacadistas quanto os consumidores finais.

Para sustentar o bom momento, o setor varejista também promoveu eventos como a primeira Expo Comampar, visando dar visibilidade ao comércio atacadista e dialogar com o governo sobre políticas de incentivo ao comércio formal. O desempenho positivo do comércio se reflete nos indicadores de serviços: no quarto trimestre de 2024, por exemplo, os serviços relacionados a comércio, transportes, restaurantes e hotéis mostraram crescimento significativo, contribuindo para a alta de 4,8% do setor de serviços no ano. Esse vigor do consumo interno tem sido um pilar importante para manter o ritmo de crescimento econômico geral.


Classificação de Risco e Perspectivas Futuras

As sólidas conquistas macroeconômicas do Paraguai vêm sendo reconhecidas pelas principais agências internacionais de classificação de risco. Nos últimos meses, Moody’s, Standard & Poor’s (S&P) e Fitch Ratings emitiram análises positivas sobre o país, confirmando sua evolução a patamares de grau de investimento – um selo de qualidade financeira que aumenta a confiança de investidores globais. A seguir, resumimos as avaliações dessas agências:

  • Moody’s Investors Service: em julho de 2024, o Paraguai foi elevado ao grau de investimento pela Moody’s, com o rating soberano passando de Ba1 para Baa3 (a nota mínima dentro do grau de investimento). A perspectiva foi alterada de positiva para estável, indicando que a agência espera manutenção dos fundamentos atuais. Na justificativa, a Moody’s destacou a combinação de crescimento econômico robusto e sustentado nos últimos anos e a maior resiliência a choques conquistada pela economia paraguaia. Ressaltou-se também o histórico de reformas institucionais e políticas públicas consistentes, que melhoraram a governança e mantiveram a força fiscal do país (dívida baixa e contas sob controle). Segundo a Moody’s, diversificação econômica e investimentos em infraestrutura têm reduzido gargalos (como deficiências logísticas) e ampliado o fluxo de investimentos privados em setores não tradicionais – caso da manufatura leve, silvicultura e energia limpa. A agência projeta que o Paraguai conseguirá sustentar um crescimento real médio em torno de 3,5% ao ano nos próximos anos, com manutenção do rigor fiscal e capacidade de absorver choques externos sem grandes desequilíbrios.

  • Standard & Poor’s (S&P) Global Ratings: em janeiro de 2025, a S&P revisou a perspectiva do Paraguai de estável para positiva, mantendo a nota soberana em BB+. Essa mudança de outlook sinaliza que uma elevação de rating pode ocorrer em médio prazo, caso as tendências favoráveis persistam. A decisão da S&P foi motivada pelo forte crescimento econômico do país e pelo avanço de projetos estratégicos de investimento, combinados com um firme compromisso com a disciplina fiscal por parte do governo. Conforme divulgado, o Paraguai está agora posicionado como uma economia “mais resiliente e confiável” na América Latina, estando a um passo do grau de investimento pleno. A agência ressaltou os esforços de austeridade e controle do déficit que ajudaram a estabilizar a dívida pública após um aumento registrado nos anos de pandemia. O próprio presidente Peña celebrou o anúncio, afirmando que é “mais uma agência de rating reconhecendo o progresso do país” e que o Paraguai está “no caminho certo, firmemente retomando seu gigante potencial”. O ministro da Economia, Carlos Fernández Valdovinos, ecoou esse sentimento, declarando que “o Paraguai está se consolidando como uma economia estável, confiável e resiliente”.

  • Fitch Ratings: em sua revisão mais recente (outubro de 2024), a Fitch reafirmou o rating de longo prazo do Paraguai em BB+ com perspectiva estável. Embora ainda um nível abaixo do grau de investimento, a nota reflete a visão da Fitch de que os fundamentos do Paraguai são sólidos. A agência elogiou a histórica consistência das políticas macroeconômicas, a baixa dívida governamental e a robusta liquidez externa do país, fatores que suportam a qualidade de crédito. Por outro lado, ponderou alguns desafios, como a ainda reduzida base de receitas do governo (carga tributária baixa em relação ao PIB) e a exposição da economia a choques climáticos e de commodities, comuns em países agroexportadores. Importante, a Fitch destacou a mudança nos motores de crescimento: “enquanto o crescimento de 2023 foi impulsionado pela recuperação pós seca na agricultura e eletricidade, em 2024 ele tem sido liderado pelos setores de manufatura e serviços”, observou a agência . Essa diversificação, aliada a investimentos de grande porte, tende a mitigar a vulnerabilidade climática da economia paraguaia. A Fitch projeta que o Paraguai manterá um ritmo robusto de expansão, com PIB real crescendo cerca de 4,5% em 2024, e em igual taxa 4,5% ao ano em 2025 e 2026, superiores à média esperada para a América Latina. Em síntese, a avaliação da Fitch é que o Paraguai combina estabilidade macroeconômica exemplar com perspectivas favoráveis de crescimento no médio prazo.


Setor de Tecnologia e Data Centers

O Paraguai vem intensificando esforços para se posicionar como um hub tecnológico na região, aproveitando vantagens como energia elétrica 100% renovável e baixo custo tributário. Grandes investimentos em infraestrutura digital e inovação estão em curso, apoiando a diversificação econômica e reduzindo a vulnerabilidade às oscilações climáticas. Em 2024, o setor de tecnologia registrou crescimento notável – a Câmara Paraguaia de Fintech triplicou seu número de empresas associadas em dois anos (de ~50 em 2022 para 150 em 2024). Startups e empresas estrangeiras de TI, principalmente dos países vizinhos (Argentina, Uruguai, Brasil, etc.), têm escolhido o Paraguai para expandir operações, atraídas pela estabilidade econômica e ambiente regulatório em aprimoramento.

Uma frente de destaque é a instalação de Data Centers e infraestrutura de computação em larga escala. O governo tem promovido o país como destino ideal para centros de dados, enfatizando o potencial energético abundante (oriundo das hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá) e a segurança de recursos básicos para operar essas instalações. Em visita oficial aos EUA em 2024, o presidente Santiago Peña reuniu-se com executivos do setor de data centers para apresentar as oportunidades no Paraguai – “uma mistura ideal de energia e recursos que pode impulsionar centros de dados de Inteligência Artificial”, segundo comunicado da Presidência. Esses esforços já mostram resultados: por exemplo, a empresa canadense Hive Digital concluiu recentemente um data center de 100 MW em Yguazú voltado à mineração de criptomoedas, com expansão prevista para 200 MW e planos para um segundo centro de igual porte no país. Conforme relata Diego García, presidente da Câmara de Fintech, está se consolidando um hub tecnológico de data centers no Paraguai, impulsionado pela atuação do novo Ministério de Tecnologias (MITIC) e pelo interesse de multinacionais de TI – várias das quais planejam desembarcar no país entre 2025 e 2026. Esse dinamismo tecnológico é favorecido também por políticas pró-negócio. O Paraguai possui uma das cargas tributárias mais baixas da região (modelo “10-10-10”: imposto de renda corporativo, pessoal e IVA todos em 10%) e adota um sistema tributário territorial (isenta rendas originadas no exterior). Com impostos equivalendo a apenas ~14% do PIB, o país alcançou pontuação de 96/100 em carga tributária no Índice de Liberdade Econômica – a mais alta da América Latina. Tais atrativos, somados à abertura ao investimento estrangeiro (tarifas de importação médias de 6,4% e liberdade para capital externo adquirir propriedades), têm estimulado fluxos de capital para além dos setores tradicionais. Hoje, investimentos estrangeiros fluem para infraestrutura, energias renováveis, logística, indústrias criativas, imobiliário, químicos e startups, diversificando a base econômica. O resultado é uma economia cada vez mais digital e integrada, pronta para sustentar um crescimento de longo prazo movido à inovação.

 

Em conclusão, o Paraguai desponta atualmente como uma história de sucesso econômico na região. O país colhe os frutos de anos de prudência macroeconômica – inflação baixa, contas ajustadas e reformas estruturais – ao mesmo tempo em que diversifica sua economia para além da agricultura, investindo em indústria, tecnologia e capital humano. Setores como manufatura, tecnologia (data centers) e comércio interno estão em franca expansão, adicionando novos motores de crescimento ao tradicional agronegócio. A confiança internacional também se reflete nos selos das agências de rating: o Paraguai alcançou o cobiçado grau de investimento por uma agência global e caminha para consolidar essa posição junto às demais, indicativo de um ambiente estável, confiável e propício aos negócios. Desafios permanecem – como aprimorar a infraestrutura, ampliar a base tributária e manter a resiliência frente a choques climáticos –, mas as projeções de fontes confiáveis apontam para a continuidade do crescimento em ritmo sólido nos próximos anos. Com uma combinação de fundamentos sólidos, setores emergentes em alta e foco em educação, o Paraguai se firma como uma das economias mais vibrantes da América do Sul, atraindo olhares de investidores e parceiros comerciais ao redor do mundo.


Fontes: Banco Central do Paraguai, Ministério da Indústria e Comércio (Paraguai), Moody’s Investors Service, Standard & Poor’s, Fitch Ratings, EFE/Swissinfo, Diario 5 Días, InverPar, Gazeta do Povo, Diario Hoy, Anadolu Agency, entre outros. Veja o vídeo: "Negócios no Paraguai: Evite esses ERROS para Expandir sua Empresa com Segurança!"


 
 
 

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